Marco Antônio Vieira Paschoal
Tantos poentes...
A noite se avizinha
E se arrasta longamente,
Trazendo a dor e o medo, noite triste!
Fecho os olhos, destruo o mundo,
Lembrando o sabor da sua boca.
A loucura de sonhar vem de seus beijos,
Lábios úmidos, frementes.
O perfume de sua boca,
A despertar desejos,
Envolve as palavras,
Mentindo amor.
O amor, o coração esquece,
Talvez cansado, quiçá dolente,
E se entrega a uma paixão doida e premente,
Golpe de punhal frio, gelado,
Que traz à boca, outrora doce,
O amargo travo da ilusão perdida.
Tão linda e triste,
Cabelo longo, indomado!
De sua luz, meus olhos imersos,
Doido coração apaixonado
Pelo luar que brilha em seus olhos.
Não sorvi a vida em grandes tragos,
Fruto do medo de viver intensamente.
Pra não sofrer com este desencanto,
Eu me engano, fingida felicidade,
Flor desabrochada em terra infértil,
Uma a uma as pétalas perdendo, lentamente.
O amor de mim fugindo,
Partindo, levou minh’alma apaixonada.
Enquanto aguardo seu retorno (inutilmente),
Meu coração procura a ilusão da felicidade.
E se engana e se perde no caminho!
De tanto em vão buscá-la,
Meus olhos os longes avistavam
E se perdiam, como sempre, na saudade.
Porquanto temo enfrentar a realidade,
Busco embriagar-me de sol e vento,
Um tanto doido, vagabundo ou boêmio,
Ansiando vorazmente a liberdade,
E afogar a mágoa, aninhada em meu peito.
Pra conseguir viver sem ter saudade,
Busco um caminho, cabeça nas nuvens,
Pés sem tocar o chão, olhar escuro.
Vou depressa, sem olhar prá trás,
Passarinho voando com morcego,
Inconsciente da aproximação do muro.
Mas, certo que, infelizmente, já vou tarde,
Mando tudo à merda,
Encho um copo de vinho,
Torno-me herói, não mais covarde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário